terça-feira, 8 de março de 2016

Amor favorável

-Homens são todos iguais não existe homem que não traí, não existe homem de uma só mulher...
-Não, existe sim, o meu é só meu... Aliás, até que eu saiba de alguma coisa...
Risadinhas...
-Existe sim, embora seja minoria mas ainda existe.
Ouve-se uma voz convicta do que está dizendo quase atropelada pelas ondas do café na boca.
-Não existe, não tem como...
Entre risadas e opiniões opostas calam-se as três vozes, ao lembrarem que na salinha do lado, há uma pessoinha, digitando continuamente o teclado, óbvio um ser de outro gênero: homem.
Talvez esteja em frente ao computador nesse instante a pessoa mais otimista entre todos os humanos da terra, ao acreditar que exista amor verdadeiro, faz sentido estar ao lado de alguém que não confia e há dúvidas sobre a sua fidelidade? Para mim não...Faz sentido viver fazer aniversários amadurecer ideias e crer que não exista amor verdadeiro e fiel? Que "tooodos" os portadores do cromossomo XY sejam todos iguais? É irrecusável isso não entra na minha cabeça.
Não que eu esteja romanceando ao extremo ao ponto de acreditar em contos de fadas e finais sempre felizes para os restos dos dias, eu estou acreditando ao ponto de dizer com propriedade que nesse, nosso mundinho moderno e sem expectativas de sentimentos humanos ainda existe amor... Se não existe porque você escreve poesias enquanto reflete sobre seu estado emocional? Se não existe porque ouve músicas românticas? Nunca parou para analisar velhinhos andando pelas ruas de mãos dadas com rostinhos satisfeitos? Nunca ouviu uma declaração de um senhor de 70 anos de idade dizendo à sua esposa que ela é linda, mesmo vendo rugas no seu rosto? É como encontrar uma agulha no palheiro, você sabe da sua existência em meio aquele amontoado de bagunças e capins secos, é difícil de ser encontrada, mas ela existe e você sabe da sua existência em algum canto ali.
Decepções, ilusões... Seu estado de agora tem feito você a não acreditar mais em sentimentos verdadeiros? Mas já parou para pensar que talvez sua incredulidade "amorfóbica" seja culpa de si mesmo? Acreditou demais? Amou demais? Fez demais? Escondeu de si mesmo a verdade?
Talvez o amor que você esteja vivendo ou viveu algum dia, é favorável ou foi favorável a si mesmo, o amor adaptativo... Você seleciona as pessoas que viverão ao seu redor, amigos ou coisa do tipo, já observou que geralmente nossos amigos mais chegados tem os pensamentos quase iguais aos nossos,  os mesmo gostos, até mesmo roupas? Ouvi por aí que os estudos comprovaram que amigos são geneticamente semelhantes... Imagine amor... Você é assim e quer amor assado, se você é assim você terá assim, se for assado terá assado. Lugares onde você costuma frequentar é assim ou assado? Se é assim como você quer encontrar assado ali? Mais valores por favor! Existem formigas no formigueiro não abelhas, felicidade vai ao encontro de todos meu caro, se você não nasce com ela tem o poder de busca-la e encontra-la para si com suas próprias forças, mas só uma coisinha, se és abelha procure uma colmeia, sem formigueiros por favor! depois não vá reclamar e dizer que sentimento verdadeiro não existe, você buscou em lugar errado buscou na pessoa errada.
Pois bem, não que o amor não exista, talvez você não o encontrou ou não soube vivê-lo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Carta de um canalha







Moscou, Quinta- feira, 22 de agosto de 2013

Catarina querida,



Salve! Enfim a Moscou...



Flor minha, confesso que não sei por onde dar início à uma das narrações mais entusiastas da minha vida, começarei da minha partida do Brasil, como você sabe, chego aqui não por minha vontade, pelo menos até ontem, mas uma missão inesperada comandada pelo ''digníssimo'' vice- presidente da Provérbios, é... Editor é editor apenas obedece e não se discute...

Acredite que do aeroporto Sheremetyvo (SVO) até a praça vermelha de metrô é apenas 15 minutos? e da praça Vermelha até o hotel de Savoy (onde estou hospedado) 10 minutos de caminhada? eu esperava surpresas de Moscou mas não detalhes tão simples que facilitaria minha estadia inteira...

Ao chegar a praça Vermelha eis que deparo com algumas cúpulas esquisitas ao meu ver, em forma de cebola, bem, eu já havia jogado no Google sobre essas exóticas atrações, mas à frente de olhos humanos, sinceramente, é exótico e exótico, e eu na minha ignorância de estrangeiro, me pus a rir, e uma loirinha ao passar e ver um insignificante peregrino a quase debochar de um dos mais significantes símbolos de sua terra natal, diz algo que não entendo á amiga, e dirige a mim um sorrisinho sarcástico que me fez sentir um estrangeiro no seu devido lugar.

Chegando ao hotel, eis que deparo com riquezas de detalhes tão grandes, que me senti um dos seres mais privilegiados de toda a humanidade... E mal posso esperar nascer logo o dia para que eu possa vasculhar toda Moscou.

As mulheres... Ah! que modéstia, envergonho de lhe dizer isso, mas confesso que estou totalmente persuadido pelas loirinhas de Moscou!

E antes que eu pudesse aproveitar as maravilhas de meu quarto, meu celular chama... Quem é? o presidente da Provérbios... Dessa vez com uma notícia que eu sinceramente não esperava, não ficarei aqui dez dias e sim um mês.

Mas sabe de uma coisa flor minha? Gostei da ideia, quem sabe um visto de permanência por um ano? ou melhor o resto dos meus dias? Estou totalmente convencido de que Moscou ao ser inaugurada em 1147 foi pensando em mim que adquiriu maravilhas tão peculiares, imagine as visitas a Kremlin, as obras pintadas de Nina Lugovskaia, os passeios pela praça Vermelha...

Meu anjo: Uma hora ou outra isso iria acontecer nós dois sabíamos disso, e porque não sofrer agora para depois não sofrer mais? sim, eu sentirei falta do meu Brasil, mas as oportunidades que Moscou me oferece são únicas que se não forem aproveitadas agora, não há como recupera-las mais. Há um ditado que diz, que amor é para a vida toda e se acaba é porque não era amor... Pense nisso meu anjo, você sabe que não é a primeira, e para te aliviar não será última. Anjo meu, não quero usar a persuasão, e digo: não espere o meu regresso porque não regressarei mais, não se desespere minha querida, não posso dizer que nunca senti algo por ti, eu senti, mas você me conhece, talvez até mais do que eu mesmo me conheço, conhece minhas aventuras mundanas eu mesmo as contei, pense Catarina que dentro de um ano ou quem sabe até menos, dependendo do gosto das loirinhas por aqui, que são bem modestas, essa mesma carta será enviada mudando apenas o destinário e o endereço, uma carta do mesmo remetente, com as mesmas palavras.

Bem sabe você que minha pretensão era mesmo retornar ao Brasil . Quem sabe daqui a trinta anos você estará contando essa sua aventura dramática enquanto vela o sono de sua netinha? sei que deixei marcas na sua vida, e enquanto você existir sei que se lembrarás de mim, eu trilhei por algum tempo as mesmas trilhas que trilhastes, sonhei os mesmos objetivos que sonhastes, meu amor eu passei na sua vida! Quer uma dica meu anjo? as cartas as fotos não rasgue-as guarde-as todas se for possível, quer me esquecer? passe pelas mesmas ruas que costumávamos passar, frequente os mesmos lugares que frequentávamos, peça os mesmos pratos que pedíamos, bem, essa é uma receita sem teste de antropologia, mas quem sabe funcione?

Minha flor: -Me esqueça porque a partir desse momento deixo de pensar em vós.

Roberto.

Minha pequena

Onde vai minha pequena?

Sinto tanto em deixa-la mas dessa vez preciso mesmo ir

Eu tentei lapidar você

Mas acho que o meu fogo não era suficiente

Eu sempre deixava meu pedacinho

E sabia que sempre ia encontra-lo onde deixei

Mas agora eu preciso ir

Meus olhos já não querem mais te olhar

E agora sei que preciso ir

Haverá dor dentro de mim quando sair lá fora

Porque sei que não estará mais lá

Eu sentirei tanta saudade

Mas meu fogo não é suficiente

Haverá sempre aquele sinal que você sabe

Que nada a partir daqui estará bem

Veja o que você colocou na janela

Veja o que eu fiz pra você ontem

A partir daqui nada mais estará bem

Talvez quando passar pela rua não verá

Mas o seu sinal sempre estará na minha janela

Talvez já esteja queimado

Porque não pude guarda-lo por muito tempo

Mas você sempre estará na minha janela

Minha pequena o que deixei pra você ontem?

Esse era o nosso sinal quando nada estava bem

Agora esse é o meu sinal

È uma pena deixa-la assim

Mas meu fogo não era suficiente

Eu prometo sonhar com você hoje

Eu prometo me manter vivo por mais tempo

Você não esperava isso mas preciso dizer

Eu sempre estava certo

Que no final de tudo era apenas uma miragem do desespero

Eu nunca fui água que dilui

Eu era apenas uma persuasão do desespero

O reflexo do que apenas era parecido

Mas eu nunca consegui chegar até aqui

Minha pequena lembre-se sempre do sinal

Nada estará bem

Lembre-se do que fiz pra você ontem a noite

Lembre-se o que você deixou na janela

Lave seu rosto, aceita café?

Eu te levarei até a porta

Mesmo que diga que não é preciso


Adeus minha pequena

Lembre-se do que deixou na janela hoje de manhã.
 
 

Cartas "esquecidas"



Cartas jogadas sobre o chão da sala, cartas memorizadas em cada rabisco de palavras erradas, cartas lembradas e agora esquecidas, ela abriu a porta da sala e rodeou a casa , como se pensasse em fazer mais alguma coisa, não encontrou o que queria voltou e sentou-se novamente no chão e as leu novamente, as leu pela última vez, ela sabia que aquele era o último momento que as veria, elas não mais a pertenceria, pertenceriam a terra ou qualquer outra pessoa que as encontrasse, pensou em queima-las, queima-las não, queria que fossem gravadas na memória de alguém como ficaram na sua memória um dia, queima-las seria como aniquila-las de seu poder sensibilistico e isso não era a sua vontade. Enterra-las, sim, enterra-las na porta da sala, elas se degenerariam com os meses e se transformariam em pó, lembrou-se do que o professor falara um dia, que petróleo são restos decompostos de florestas e animais da antiguidade, para ela suas cartas eram parte de uma floresta, os papéis foram um dia árvores derrubadas e cortadas, transformadas em páginas vazias, sim suas cartas se transformariam em petróleo, alguém as usaria um dia sem saber de sua importância sem notar que o líquido homogêneo um dia fora uma carta branca cheio de vazios de alma. Mesmo que não fosse verdade isso a fazia feliz, acreditar que suas cartas um dia teriam um preço que hoje não tinham. Pensou novamente e chegou a sua teoria, Petróleo? para quê transforma-las em algo valioso que poderia ser usado para fazer mal a alguém? Não, ela não queria que suas cartas fossem lembradas como parte de algo ruim queria transforma-las em delicadeza de espírito... Não as enterraria para que virassem pó, as enterraria para que virasse lembrança e história. Foi até o quarto e trouxe uma caixinha de plástico retangular, sim, as colocaria e as enterraria como se fosse um tesouro perdido que seria encontrado um dia, as dobrou vagarosamente e junto com elas colocou um pingente, seu único pingente de ouro, não exatamente ouro mas banhado a ouro, escreveu a última anotação em uma folha branca e colocou por cima do entulho das cartas.

"Vazios de uma alma esquecida"

Imaginou uma criança brincando no terreiro e encontrando aquela preciosidade secreta, leria vazios de uma alma e não entenderia nada, chamaria a mãe na cozinha e contaria sobre o seu tesouro encontrado, a mãe leria as cartas e as guardaria como lembranças encontradas de uma alma vazia e esquecida, apenas isso e elas passariam de geração em geração naquela família...

Imaginou outra hipótese, uma adolescente de aproximadamente 17 anos rodeava a casa como ela fizera naquela tarde, seus olhos estavam vermelhos, seus cabelos negros bagunçados, estava descalço, pegou alguma coisa escondida na área, uma faca, ela segurava a faca e voltava em direção a porta da sala, sentou-se debaixo da arvorezinha que enfeitava o terreiro e chorava incontrolavelmente, deitou a cabeça sobre os joelhos e brincava de passar a faca sobre seu pés, levantou os olhos passou com força o lado contrario da faca sobre os pulsos, e a lançou sobre a terra úmida, percebeu que perfurava algo de baixo da terra, houve dor dentro si ao imaginar que poderia estar perfurando o casco de um inocente tatu que dormia de baixo da terra fresca, tirou a faca, e teve imensa curiosidade em descobrir o que havia estragado seus possíveis últimos momentos de vida, começou a desenterrar e revirar a terra, suas mãos frágeis e sujas alegraram-se ao encontrar uma caixa de plástico, ressecada e desbotada, havia uma perfuração na tampa e ao abrir deparou-se com papéis dobrados, por cima escrito a seguinte frase: "Vazios de uma alma esquecida" abriu um sorriso ao ler a frase em pensamento, pois era justamente o que sentia, vazio, vazio na alma, sentia-se como uma alma esquecida e aniquilada, mais que rapidamente descobriu-se todas elas e pôs-se a lê-las, percebeu que a autora das cartas contava seus vazios de alma descrevia derrotas e vitórias, as vezes chorava com as palavras as vezes sorria com elas, tampou o buraco que ficara na terra, e esqueceu-se a faca jogada debaixo da árvore foi até seu quarto e terminou de lê-las com maravilhosa paciência, a autora na época com 22 anos chorava na carta seguinte e sentia-se como alma vazia e fragilizada, abandonada sobre o teto do mundo, escrevia a alguém que não conhecia contava sua vida como se tivesse certeza que alguém com as mesmas dores as encontraria um dia, levantou-se da cama e as guardou novamente do jeito que as havia encontrado, ao pô-las percebeu alguma coisa no fundo da caixa, era um pingente, pequeno e brilhante uma tartaruguinha com olhinhos de vidro que a olhava como se tivesse vivenciando aquele momento, ela sorriu ao coloca-la no fundo novamente, olhando para a perfuração da caixa pensou em reconstruí-la, mas desistiu ao pensar que sempre se lembraria daquele momento, abriu a última gaveta da cômoda e a guardou. voltou para a sala e lembrou-se da faca jogada no terreiro foi à pia a lavou e a guardou na gaveta da cozinha, olhando para as unhas sujas de terra olhou no espelho e prendeu o cabelo num coque, pegou a toalha e foi para o banheiro, em seguida viu na mesa da sala um livro, Tempos de neve, esse era o título, deitou-se no sofá e pôs -se a lê-lo durante toda a tarde, esperando o retorno da mãe....

Ela gostou da segunda hipótese, e com um sorriso meigo no rosto enterrou a caixa, sentada na porta da sala admirou ao notar que alegrava-se ao ver o sol se pôr, e mais uma vez sorriu, fechando a porta da sala.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Como se fosse o futuro


Você entra com olhar avermelhado e triste de sempre, com o guarda chuva nas costas passa pelas batatas palhas e as aperta como se estivesse as examinando.

Vai até o hortfruti e faz o mesmo com as verduras, de longe eu te observo sim, um olhar triste e parado como se não tivesse mais expectativas, será as manchas pelo seu corpo? Continuo a te observar como se você fosse minha obra prima, e você sabe disso, você sabe que te observo porque você se parece com meu futuro é como se o futuro pudesse olhar para mim, é como se ele quisesse me dizer alguma coisa, é como se houvesse mais alguém como você. Um temporal, as águas vermelhas ficam a ponto de invadirem o supermercado, as pessoas observam a chuva admiradas paradas à porta, mas você sabe que você é o personagem principal do meu quadro, o personagem, com o guarda chuva em mãos, o personagem de cabelos brancos, o personagem de rosto triste e amargurado, você observa duas moças conversando ao balcão e as olha com ar de curiosidade sem maldade, e por um momento você se tornou outra pessoa seu rosto se transformou e tomou uma expressão de satisfação, mas apenas por um momento, você vira-se e olha a chuva novamente, com o olhar de sempre, olhar vago e parado nas aguas vermelhas da enxurrada. Eu não te vejo ir embora, quando olho você não está mais lá como sempre faz;

Como pode se parecer tanto? na praça sentado olhando os pombos brincarem em um canto, sentado com o boné acinzentado, você e seu amigo agora observam a rua você e seu guarda chuva sozinhos, observam a vida em movimento, eu os olho e passo como se não houvesse importância alguma para mim, passo e dou as costas com a certeza, de que alguém vivera a mesma vida, como se o futuro ou o presente quisesse me alertar. Você sabe que te observo, talvez não saiba, mas isso não faz mais sentido, isso não é contagioso e você pode sorrir, como qualquer outra pessoa faria. Boa tarde, obrigada, sacola? Não me responde apenas vai embora e toma o seu destino. È como se houvesse mais alguém pedindo socorro é como se a sua vida fosse convertida em mais alguém, isso faz sentindo? Porque me dá vontade de desabar? Porque uma certa alfinetada insiste em alfinetar meu coração quando olho para o seu rosto? Sim talvez seja, talvez seja uma certa sensibilidade em olhar as dores alheias

domingo, 31 de janeiro de 2016

O bichinho do código de barras


Não deveria passar de seus 19 anos, era o máximo que ela poderia atingir, sua aparência mostrava isso, nem lembro se ela deu um boa tarde, hum, acho que deu e acho também que na hora fiquei com preguiça de respondê-la, ela passa as mercadorias da minha cestinha com uma rapidez quase sobrenatural, e já vai embalando tudo não era feia e nem bonita, era bonitinha, sim, essa é a palavra certa, o seu rosto não combinava com "bonita", tinha um rosto tranquilo, usava um rabinho de cavalo, uma franja atrás das orelhas. Ela olha para a tela do monitor, e diz o valor das minhas compras, pede algumas moedas, acho que era para facilitar o troco, tirando a minha nota de cem na carteira, digo não ter, aff... acho que eu tinha mas ... Ela faz uma expressão não muita satisfeita ao receber a minha nota de cem e pergunta se eu não tinha uma cédula menor, balanço a cabeça como negativo, ela pede a frente de caixa para trocar, Aff... eu deveria ter dado minha nota de 50, agora vou ter que ficar aqui esperando... Só para atrasar. Enfim o meu troca chega 85,95 confesso que aquela altura a minha expressão não era a das melhores emburrado pego minhas sacolas, e dou de costas, cumprindo mais uma parte da minha rotina.

Eu não sei porque as pessoas acham que somos culpados por não ter troco, também cobrar R$4,05 em cem reais está de brincadeira não é todos os dias que o troco está bom para sair cobrando 2 reais em nota de cem, saiu com aquela cara ruim se está atrasado poderia ter dado trocado ou nota menor, as pessoas pensam apenas nelas esquecem que por trás de um leitor de códigos de barras existe um ser humano como qualquer uma delas, um ser humano que cansa com o seu trabalho, Boa tarde, boa noite, acho que perdi as contas quem o responde, notas e moedas jogadas sobre o caixa como se fossemos um certo bichinho que deveria pegar todas com a carinha melhor possível após um ato mal educado, -Vou deixar minhas sacolas aqui fica de olho nelas, sim, de olho com a fila enorme com pessoas emburradas a espera de serem atendidas.

-O preço lá está errado! isso é tanto não é esse tanto que você registrou aí não!

-Ah sim, vou olhar para você... A senhora se enganou esse é realmente o preço, você olhou o preço errado, esse é vidro, o outro é plástico.

-Então eu não vou levar...

-Cancela pra mim!

Entre bons dias e boas tardes mal respondidas ou não, vai-se minha rotina completando mais um ciclo.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Antes dos 20


Hoje findo com os meus 19... Sim 19 que outrora eu achava ser uma centena de anos, 19 que agora abandono com o coração na mão , é como um friozinho na barriga no primeiro dia de aula. É como se eu estivesse completando 30 anos, lembro-me quando abandonava os meus 18 e recebia os 19 com apreensão mas logo me acostumei afinal era mais um ano com  o 1 como primeiro algarismo na idade. Ainda eu ouviria muito a frase que tanto me dava felicidade: Nossa como você é novinha!
Sim 18, 19. E agora  as 00:00 20. Duas décadas de existência... fiquei  toda a semana pensando nas minhas sensações nas minhas inseguranças enquanto aguardava os 20, e percebo que não mudei nada continuo a ser aquela menina de 15 anos do colegial, aquela menina que ainda morde as bochechas da mãe que aperta as pessoas e crianças como se fossem bichinhos de estimação, menina que o pavor das bochechas dos primos mais novos. Sim menina, que começa a desconfiar que esse adjetivo não mais fará sentido no seu nome. Menina mulher, mulher embora ainda ser menina.